João Paulo Cabral
As forças de Junot confiscaram em Portugal, do Museu da Ajuda em Lisboa, importantes colecções de história natural que foram levadas para Paris, para o Muséum National d’Histoire Naturelle. O pressuposto ideológico era que a França tinha melhores condições para preservar e estudar os exemplares do que o usurpado e que se pretendia fazer avançar a ciência. Perante a ocupação militar e na ausência do príncipe-regente, foram vários os membros das elites portuguesas que acataram, formal e circunstancialmente, ordens recebidas das tropas francesas, conforme indicação dada por D. João. As personalidades presas durante a Setembrizada, como Domingos Vandelli, e deportadas para os Açores, não seriam julgadas e acabariam por regressar a Portugal Continental. A apreciação que uma certa historiografia fez da legitimidade da usurpação de objectos de história natural com o recurso à força das armas, não nos parece ser actualmente aceitável, em face do desenvolvimento e maturidade das sociedades de hoje.
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