Filipe Santos Fernandes, Ellen de Cássia Pinto
Considering the situation the world is experiencing during the new coronavirus pandemic, debates have begun in fields such as Biology, Medicine, Technology, Economics and, less expressively, in the field of Human Sciences. In this paper, we intend to present and discuss information that indicates how the black people, particularly the black female population, tends to suffer more severely the effects of the pandemic. At first, we made a survey of reports about the pandemic considering ethnic-racial groups that circulated in Brazil between January and May 2020. Then, we analyze how the mathematics in these reports enable discussions about the historical and current scenario of exploitation and extermination of black people in Brazil. Black women are more vulnerable to the virus in some jobs, such as a domestic or a health worker. Lastly, we propose the rise of a debate in Ethnomathematics in the context of racial inequality, related to an uncritical whiteness, demanding that the scientific-academic space – mostly white – takes responsibility for overcoming racial invisibility and asymmetry in the research.
Diante da situação em que o mundo passou a vivenciar a partir da pandemia provocada pela Covid-19, naturalizou-se que este debate estivesse atrelado à Biologia, à Medicina, à Tecnologia, à Economia e, em menor grau, às Humanidades. Neste artigo, temos como intenção apresentar e discutir informações que indicam como a população negra, particularmente a população negra feminina, tende a suportar com maior prejudicialidade os efeitos da pandemia. Inicialmente, fizemos um levantamento de reportagens jornalísticas que circularam no país entre janeiro e maio de 2020 que traziam um recorte étnico-racial dos efeitos da pandemia. Em um segundo momento, e como principal objetivo, analisamos como as matemáticas presentes nessas reportagens fazem-nos refletir sobre o cenário histórico e atual de exploração e de extermínio da população negra no Brasil. Essa discussão nos permite situar o Etno da atualidade pandêmica brasileira, produtora de matemáticas, junto à escravidão, que torna a mulher negra mais vulnerável à contaminação pelo vírus pelos postos de trabalho que ocupa, seja como empregada doméstica da elite ou como funcionária do campo da saúde, particularmente das equipes de enfermagem. Por fim, propomos a emergência de um debate em Etnomatemática no contexto da desigualdade racial protagonizada por uma branquitude acrítica no mundo, reivindicando que o espaço científico-acadêmico, majoritariamente branco, assuma responsabilidades para a superação da invisibilização e da assimetria raciais nas pesquisas que promove.
© 2008-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados